Projeto de pesquisa

Resumo:

O NEHS, Núcleo de Estética, Hermenêutica e Semiótica da FAU/UnB reuniu-se em 2017 para definir o cerne de suas atuais preocupações, um ponto de convergência do que seus diversos membros estão fazendo e discernindo como relevante para a linha de pesquisa, a fim de nortear seus debates, suas dissertações, teses e publicações. Estudam-se diversas teorias da arte, confluindo para o tema ?arte, arquitetura e qualidade?. O cerne do cerne estava no fim: numa era em que, por toda parte, se trata de definir o qualificativo por quantificações, quer-se recuperar a qualidade. Partindo da dezena de categorias em Aristóteles e os quatro entendimentos diversos dele sobre a noção de qualidade, como é que houve tão violenta redução, de sete para quatro e daí uma? Como se pode pretender definir a qualidade por algo que não consegue abranger sua diferença específica? Como se configura a qualidade que diferencia a arte? Diferentes teorias são necessárias para discernir esse cerne. Tendo sido definido o belo por Kant como algo que se caracteriza por não ter uma finalidade embora pareça ter, a arquitetura se coloca de modo estratégico entre a arte e a qualidade para buscar o belo em uma arte que é feita em função de um programa de necessidades. Ela é, portanto, algo útil, ainda que não se confunda com um utensílio, embora já tenha sido assim entendida, por exemplo, quando definia a casa como máquina de morar. Caso se tomasse a rigor a definição kantiana, a arquitetura ficaria fora do sistema das artes, o que parece que não faria maior diferença para muitos dos seus profissionais, que a reduzem a espaço construído. A questão colocada pela arquitetura como algo útil não é só saber se ela é ou não uma arte, mas principalmente qual é a utilidade das demais artes, a que fins elas servem, quais são suas relações com a verdade, o poder e a ideologia. A redução do estudo da arquitetura a algo apenas técnico agrada à alienação dominante, numa era marcada pela apatia social e pelo perfil do governo. É mais fácil não pensar do que enfrentar questões para as quais não sem tem ainda uma resposta. No entanto, quando há inundações nas cidades porque seus riachos e rios foram canalizados e reduzidos a sarjetas, quando construções despencam dos morros e matam gente, quando cimento e asfalto cobrem todo o verde e um prédio se encosta no outro sem permitir a circulação do ar, a culpa não está apenas em maus administradores da coisa pública, pois eles tiveram a colaboração de arquitetos e urbanistas. Há algo errado nas escolas que os formam e deformam. Há substratos políticos e teológicos que deveriam ter sido debatidos e não foram. Há uma ingenuidade fundante na profissão: que tudo deve ser feito para o conforto do homem. A essa postura se contrapõe hoje a consciência crescente de que a raça humana é o maior perigo gerado pela natureza para a sua destruição. A contrapartida do progresso está sendo a morte do planeta. Os membros do grupo se caracterizam por se dedicarem também à criação artística, seja em pintura, desenho, ficção, projeto arquitetônico, design ou música. Isso faz com que tenham uma relação diferente dos filósofos em relação à arte. Não é uma relação fria, distante, que pretende resolver tudo mediante conceitos, aplicar ideias a obras. É uma relação íntima, vivenciada, que tanto sabe como é difícil realizar uma boa obra quanto não é fácil querer explicá-la. Isso significa também que o grupo admite obras artísticas como parte de sua produção. Elas não existem apesar da teoria nem em detrimento da teoria. Pelo contrário, elas propiciam que se possa teorizar desde dentro da vivência da criação e execução artística.

Integrantes
Flavio René Kothe (Coordenador)
Erinaldo de oliveira sales
Sergio rizo
Anamaria Diniz
Aline Stefânia Zim
Claudia Afonso
Júlio César Brasil
Sonia Rejane Gomes de Azeredo Souza
Carolina da Rocha Lima Borges
Fernando Freitas Fuão
Carlos Luciano Silva Coutinho
Cláudia da Conceição Garcia
Financiamento: não