Projeto de pesquisa

Resumo:  

Este projeto de pesquisa deriva de nosso interesse primordial pelas expressões populares no espaço público e seus sentidos porosos (Carvalho, 2020) e instáveis nas cidades. Se por um lado políticas urbanísticas nos alertam para as agruras das populações subalternizadas e da vida urbana sem enraizamento provocada pro remoções e supressões de toda ordem, percebemos uma porção irredutível que faz vibrar um espaço imaginado mas perceptível, e que remete a usos imprevistos conferido aos lugares, ao movimento promovido por formas coletivas de apropriação dos espaços urbanos públicos e coletivos. Assim, a rua (metonímia para o espaço praticado) se converte em objeto de conhecimento e, assim, possível de ser alçada à dimensão política. No presente projeto indagamos sobre as culturas de ruas - em eventos cotidianos ou extraordinários - em espaços urbanos que, historicamente, foram ocupados sobretudo por populações negras. A partir desse foco de abordagem, a pesquisa tem como casos empíricos ruas, encruzilhadas, mercados, eventos, terreiros, sem topos privilegiado a priori, o nosso intuito é acompanhar expressões coletivas potencialmente capazes de contrastar ao que entendemos por projetos urbanísticos dirigidos a minorias (Barreira, 2013). Mais do que entender e que podem ser elementos perturbadores e desestabilizadores de um urbanismo estratégico e centralizados, caracterizado por alguns autores como de aspecto biopolítico (Secchi, 2014). Nossa pesquisa contempla os processos de pacificação em diversos níveis, as remoções causadas por empreendimentos de governos associados ao capital, o que exige pensar em operações pautadas no controle de fluxos e movimentos. Pensamos que esta investigação tende a contribuir para aguçar as referências conceituais que dispomos em arquitetura e urbanismo para entender fenômenos da cidade contemporânea e para abordar, por outras vias, as versões hegemônicas da vida urbana, constantemente desafiadas por estes praticantes de um espaço potencial, imaginado na luta cotidiana das coletividades aqui consideradas.

 

Integrantes: 

Carlos Henrique Magalhães de Lima (coordenador)

 

Financiamento: não