Histórico do programa
A Criação (1962)
O Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília data de 1962, sendo, portanto, sua criação simultânea à própria UnB - uma surpreendente conjunção entre a fundação da nova Capital (1960), de sua Universidade e a implementação do primeiro curso de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Seu principal propósito é formar quadros profissionais de excelência nos campos de docência e pesquisa e também contribuir para o aprimoramento de técnicos e especialistas que atuam em órgãos de gestão, planejamento e administração, sobretudo no setor público.
O Programa reúne um corpo docente altamente qualificado e de formação multidisciplinar, que se articula a pesquisadores nacionais e internacionais por meio de redes e de cerca de vinte grupos de pesquisa. Conta, para isso, com apoio de recursos provenientes de agências de fomento nacionais e locais, além de acordos de cooperação e parcerias diversas com instituições de ensino superior, associações profissionais e órgãos de governo. O Programa está estruturado em 03 (três) grandes áreas de concentração: Teoria, História e Crítica (THC), Projeto e Planejamento (PP) e Tecnologia, Ambiente e Sustentabilidade(TAS), permitindo uma formação especializada e, ao mesmo tempo, propiciando conhecer uma variedade de temáticas e abordagens inter e transdisciplinares.
Anualmente, em média cerca de cinquenta mestres e doutores formam-se no Programa, ao quais se somam egressos de cursos de especialização e extensão voltados para a reabilitação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Vários pesquisadores ligados ao Programa tiveram seus trabalhos reconhecidos por prêmios e distinções, mais recentemente atribuídos pela Anpur, Enanparq e a própria UnB. Nos últimos anos, o Programa promoveu uma série de iniciativas de consolidação de suas pesquisas e de sua inserção nacional e internacional, com ênfase na qualificação da produção científica, o que o alçou a um patamar mais elevado na avaliação nacional de cursos de pós-graduação em sua área.
Área de concentração: Teoria, História e Crítica - THC.
03 linhas de pesquisa.
- Arquitetura, cidade e território.
- Patrimônio e preservação.
- Estética, Hermenêutica e Semiótica.
Área de concentração: Tecnologia, Ambiente e Sustentabilidade - TAS.
03 linhas de pesquisa.
- Estruturas e Arquitetura.
- Sustentabilidade, qualidade e eficiência do ambiente construído.
- Tecnologia de produção do ambiente construído.
Área de concentração: Projeto e Planejamento - PP.
02 linhas de pesquisa.
- Paisagem, território e políticas urbanas.
- Configuração urbana, apropriação e participação social.
Desde sua criação, o tema estruturante das pesquisas foi Brasília, sua arquitetura e seu território. Apesar da ênfase dada à nova capital do país, não se impunham restrições ao estudo de outros temas e objetos. No curso, as discussões teóricas e as realizações práticas respaldavam-se na construção da cidade e de seu campus universitário. O pós-graduando atuava como professor no curso de graduação, sendo supervisionado por professores mais experientes. Ao final de dois anos de estudos, ele apresentava o resultado de suas pesquisas na forma de uma dissertação submetida à defesa.
Nesta fase inicial, destaca-se o papel do Centro de Planejamento da Universidade de Brasília (CEPLAN), que se constituiu em um excepcional laboratório de projeto e estudos de tecnologia, desenvolvendo pesquisas na área de pré-fabricação da construção civil. Sob a direção de Oscar Niemeyer, os arquitetos e engenheiros que compuseram seu quadro inicial formaram a primeira turma de pós-graduandos do Mestrado, então, criado - muitos deles protagonistas da história da arquitetura moderna de Brasília.
Os primeiros anos de criação do Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UnB eram impulsionados pelo dinamismo e criatividade que ritmavam a materialização da cidade em suas diferentes escalas. Contudo, os ventos favoráveis dos primórdios cessaram com o golpe de 1964. A Universidade de Brasília passou a alvo de atenção por parte dos militares, com invasões e pressões sobre seus professores. À época, seus dirigentes conduziram à demissão em massa dos professores que atuavam na pós-graduação, levando a experiência deste curso a suspensão das atividades em 1965, incluindo a própria interrupção do curso de graduação.
Retomada: Planejamento Urbano e Desenho Urbano.
Somente em 1976, a pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília foi retomada. Nesta década, não eram muitos os cursos de pós-graduação na área, como atestam as datas de criação daqueles cursos de referência: FAU-USP (1972), PROURB-UFRJ (1993), UFMG (1995). O PPG-FAU/UnB é retomado com novo nome: Curso de Mestrado em Planejamento Urbano.
Em pleno "Milagre Brasileiro", com a atuação forte do Estado, o Planejamento Urbano tornava-se central nas políticas desenvolvimentistas diante de um país que se urbanizava com rapidez. Profissionais capazes de planejar as cidades, disciplinar o uso do solo, direcionar sua expansão e responder pelas demandas habitacionais e de saneamento eram necessários. O pacto entre as elites científicas, em geral de orientação esquerdista, e o governo militar possibilitou a formulação de políticas de investimento em ciência e tecnologia, incluindo o financiamento de estudantes para cursos no exterior.
A aposta destes grupos ideologicamente divergentes era a transposição do cerco tecnológico do país. A formação destes quadros no exterior foi importante, pois voltaram com experiências em instituições contabilizadas pela clareza de formação nos níveis de mestrado e doutorado. Além da formação dos pesquisadores, recursos públicos eram aplicados na formação de pós-graduando e em pesquisas via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico - BNDE (1969), Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT (1971), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (1975), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES (1976).
Nestas circunstâncias favoráveis, retoma-se o Programa de pós-graduação da FAU-UnB como um segundo momento de sua história. A ênfase no Planejamento Urbano e na História e Crítica da Arquitetura e do Urbanismo manteve-se até os anos 1980, quando o Desenho Urbano surgiu como percurso paralelo à pesquisa no âmbito da FAU-UnB. A expansão do quadro docente permitiu a diversificação de interesses e abordagens, como também de temas. Em virtude desse interesse formou-se o Grupo de Pesquisa Dimensões Morfológicas do Processo de Urbanização (DIMPU), a partir de pesquisa de mesmo nome, reunindo novos professores.
A produção e dinamismo do grupo, assim como o número crescente de pós-graduandos interessados nestes estudos, propiciaram, em 1986, o surgimento de um outro mestrado, o Curso de Mestrado em Desenho Urbano. Portanto, a partir desta data, a pós-graduação da FAU-UnB apresentava duas opções diferentes para os postulantes a nele se ingressar: o Mestrado em Planejamento Urbano e o Mestrado em Desenho Urbano. A bifurcação do Programa, ao contrário do que se poderia pensar, não representou sua fragilização. Ela era indicativa da própria ampliação dos estudos na área de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, possibilitada pelo fortalecimento dos cursos de pós-graduação. O PPG-FAU/UnB trilhava, conjuntamente a outros Programas de pós-graduação na área, caminhos convergentes.
Pode-se, até aqui, visualizar dois períodos no percurso da Pós-Graduação da Faculdade e Arquitetura da Universidade de Brasília: 1) 1962-1965, o momento de criação; e 2) 1976-1986, o momento de retomada e diversificação das abordagens de estudo, em concomitância com a profissionalização do sistema de pós-graduação no país.
Crescimento, expansão e composição atual.
Um terceiro momento do PPG-FAU/UnB inicia-se nos anos de 1987 e se estende a 1995, coincidindo com a redemocratização do país. Novamente o curso de pós-graduação da FAU-UnB retoma sua estrutura anterior com um único Programa, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPG-FAU). A estrutura do Programa abrangia três áreas de concentração de pesquisa: 1) "Planejamento Urbano e Projeto Urbanístico", 2) "Tecnologia, Paisagem, Ambiente e Sustentabilidade", e 3) "Teoria, História e Crítica". A unificação do Programa não significou perda ou prejuízos, pelo contrário, a diversificação das áreas de concentração de pesquisas demarcava campos de investigação que se ampliaram, sobremaneira.
Se, por um lado, a unificação trouxe um novo élan para o corpo docente e um patamar de produtividade inédito, por outro, nos anos seguintes, uma série de aposentadorias de professores e a não abertura de concursos para recompor o corpo docente levaram ao enfraquecimento, não da qualidade, heroicamente mantida por um punhado de abnegados, mas das áreas de concentração. As universidades públicas, de modo geral, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), passaram por dificuldades, com a sensível redução do quadro docente e ausência de concursos públicos.
Apesar de todos os percalços deste período, o PPG-FAU/UnB logrou a aprovação do curso de Doutorado, contrariando a situação da época, o primeiro da região Centro-Oeste. A renovação do corpo docente do PPG-FAU/UnB foi possível a partir de 2007 quando foi instituído o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), que expandiu o número de vagas nas universidades públicas e contratou novos professores.
Assim, uma distância considerável havia se desenhado entre os anos de criação da pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo na UnB e a universidade brasileira do século XXI. A contratação de professores a partir de 2009 e respectivo credenciamento de novos docentes no PPG-FAU/UnB trouxeram mais vitalidade ao Programa, somando esforços no aprimoramento de sua estrutura e no enriquecimento de suas pesquisas, considerando a boa diversidade de doutores formados por outras universidades além da UnB. Ressalta-se ainda a constituição de novos Laboratórios de Pesquisa que se somaram aos existentes.
Em 2012, buscando ajustar o Programa em virtude dos novos parâmetros alcançados pela pós-graduação no país, foram realizados oficinas e seminários com o objetivo de melhor definir as áreas de concentração de pesquisas, rever e reformular as linhas de pesquisa, bem como reestruturar o quadro de disciplinas visando à coerência entre área de concentração, as linhas de pesquisa e as disciplinas relacionadas.