Institucional

20 de Fevereiro de 2019

Palavras-chave

APRESENTAÇÃO

Abriga reflexões teórico-filosóficas junto ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (PPG-FAU/UnB). As pesquisas nele desenvolvidas caracterizam-se pelo trabalho interdisciplinar e voltam-se para a Estética, Teoria do conhecimento, Filosofia do Espaço, Filosofia da arte e da arquitetura, Arte comparada, Semiótica da cultura, Hermenêutica filosófica e arquitetônica, incluindo análises e interpretações de obras de arte e de fenômenos culturais. No âmbito dessas pesquisas, preocupa-se com a teoria do espaço, a distinção entre espaços construídos e obras de arte e arquitetônica, o arquitetônico e a cidade na história da filosofia e no pensamento das artes, o aproveitamento de figuras de linguagem para o entendimento de obras de arte e monumentos, e questões jurídicas, psicológicas, axiológicas e ecológicas que envolvem o processo arquitetônico e urbanístico.

 

O Núcleo de Estética integra, através de seus membros, dentre outros, o Grupo de Trabalho - Estética, da ANPOF - Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia. Publica desde 2010 o periódico científico e gratuito Revista de Estética e Semiótica exclusivamente em formato eletrônico – ISSN 2238-362X.
Registrado em 2007 na Plataforma do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, o NEHS organiza desde então, regularmente, seminários, palestras, minicursos, e promove oficinas e exposições em parceria com a Coordenação de

Extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. 

Palavras-chave

APRESENTAÇÃO

Grupo interunidades e multidisciplinar de pesquisa FAC-UnB & FAU-UnB envolvendo professores e pós-graduandos interessados em teoria da comunicação; história e teoria das artes visuais; estética; ética e filosofia política; filosofias da cidade, da arquitetura e do design; filosofias da tecnologia e da informação, com o intuito de fundamentar as relações de definição articuláveis a partir do quadrante: Espacialidades, Comunicação, Estética e Tecnologias, tendo como provocação práticas artístico-culturais contemporâneas, e sua crítica. A produção do grupo inclui organização de colóquios, seminários, eventos e cursos de extensão, edições de número de revistas especializadas, produção de artigos científicos e livros.  

Palavras-chave

 

APRESENTAÇÃO

 

O Laboratório de Pesquisa e Inovação Água & Ambiente Construído (AAC) tem como missão promover a gestão integrada de água dentro do ambiente construído pela implementação e avaliação de ações que promovam a preservação de recursos hídricos e meio ambiente, considerando seus aspectos tecnológicos, políticos, econômicos, sociais e ambientais. O laboratório caracteriza-se como um espaço voltado ao desenvolvimento de pesquisa e inovação nas áreas de sistemas prediais e infraestrutura urbana voltada à concepção de produtos, processos e serviços que contribuam para produção técnica e ao conhecimento científico voltado à conservação de água, saneamento ambiental e drenagem urbana sustentável.

 

 

CONTATOS

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Website: https://www.aac.unb.br/

 

 

GRUPOS DE PESQUISA

 

Grupo Água & Ambiente Construído 

INTEGRANTES: Chenia Rocha Figueiredo (TAS), Daniel Sant'Ana (TAS), Livia Ferreira Santana, Liza Maria Souza de Andrade (PP), Marcus André Siqueira Campos, Ricardo Prado Abreu Reis, Rômulo José da Costa Ribeiro (PP).

 

Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários: Gestão de Água em Edifícios Urbanos 

INTEGRANTES: Andreza Kalbusch, Daniel Sant'Ana (TAS), Heber Martins de Paula Lúcia Helena de Oliveira, Marcus Andre Siqueira Campos, Ricardo Prado Abreu Reis.

 

Núcleo Brasília 

INTEGRANTES: Daniel Sant'Ana (TAS), Gustavo Macedo de Mello Baptista, Rômulo José da Costa Ribeiro (PP).

20 de Setembro de 2023

 

Fotos para o site

 

Atos do PPG-FAU - 2020 a 2023

 

 

Fotos para o site 3

 

Produtividade das Comissões

 

 

Fotos para o site 2

 

Ranking de participações em Comissões e representações do PPG-FAU 

 

 

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Regulamento do programa

Resoluções do colegiado do PPG–FAU

Circulares da Coordenação do PPG–FAU

 

2024

 

2023

 

2022

 

2021

  • Conteúdo principal
  • Reunião da Comissão de Pós n. 01/2021
  • Reunião do Colegiado do PPG-FAU/UnB n.º 01/2021.
  • 2ª reunião ordinária da Comissão do PPG-FAU
  • Convocação para reunião da Comissão de Pós 03/2021
  • Reunião do Colegiado do PPG-FAU/UnB n.º 03/2021.
  • Reunião da Comissão de Pós-Graduação da FAU-UnB
  • Reunião do Colegiado do PPG-FAU/UnB n.º 04/2021
  • Reunião do Colegiado do PPG-FAU/UnB n.º 05/2021
  • Reunião do Colegiado do PPG-FAU/UnB n.º 06/2021
  • Reunião do Colegiado de Pós-Graduação da FAU-UnB n.° 07/2021
  • 09/2021 Informações e diretrizes para o semestre 2021/2

 

2020

Resoluções e legislação federal

Diretrizes da UnB (Memorandos, Circulares, Atos, dentre outros)

 

 

28 de Agosto de 2023

Circular de Chamada para Submissão de Artigos Revista de Estética e Semiótica Volume 13, Número 2, Ano 2023

 

Tema: Para Além dos Limites: Pensamento Crítico e Reflexões Estéticas na Sociedade Contemporânea

Prezados pesquisadores, acadêmicos e profissionais,

É com grande satisfação que convidamos aos acadêmicos, pesquisadores e pensadores para explorar as profundas interconexões entre cultura, arte e arquitetura por meio de uma lente interdisciplinar e contribuírem com seus conhecimentos e pesquisas para o Volume 13, Número 2, Ano 2023, da Revista de Estética e Semiótica (RES). A RES é um periódico semestral desenvolvido pelo Núcleo de Estética, Hermenêutica e Semiótica (NEHS) do Programa de Pesquisa e Pós Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (PPG-FAU/UnB).

 

Tema em Destaque:

Neste volume, convidamos à submissão de artigos que aprofundem as intricadas interseções entre cultura, arte e arquitetura sob uma perspectiva verdadeiramente interdisciplinar e enriquecedora. Estamos em busca de contribuições que explorem de forma inovadora questões estéticas, hermenêuticas e semióticas ligadas às manifestações culturais e artísticas, além de examinar como essas expressões dialogam com o ambiente circundante. Incentivamos uma diversidade de abordagens teóricas e metodológicas, todas destinadas a ampliar a compreensão desses domínios. Em anexo, enviamos uma reflexão nossa sobre as questões, para instigar seus posicionamentos:

  1. Desafio à Consciência Crítica na Filosofia da Arte.
  2. Repensando a Educação Superior e suas Fronteiras.
  3. Arquitetura e Identidade Cultural.
  4. Imperialismo, História e Transformações Globais.
  5. Desafios do Pensamento e Reflexão.
  6. Interpretação da Arte e Herança Filosófica.

Áreas de Interesse (mas não limitadas a):

  • Análise semiótica de obras de arte e arquitetura.
  • Estética da cultura visual e suas manifestações.
  • Hermenêutica das formas culturais e artísticas.
  • Impacto das criações culturais no espaço arquitetônico.
  • Interações entre linguagem, imagem e espaço.
  • Reflexões filosóficas sobre arte, cultura e arquitetura.
  • Étíca, Política e Ordem do Discurso.
  • Teória do Conhecimento.

Submissões e Diretrizes:

A RES convida a submissão de artigos, projetos, resumos, traduções, resenhas, fotografias, contos, críticas, entrevistas e matérias que se enquadrem no escopo da revista. Todos os trabalhos serão avaliados por pares dentro do Conselho Científico da RES, garantindo qualidade e rigor científico.

Para mais informações sobre as diretrizes de submissão e as políticas da revista, por favor, visite nosso site: Revista Estética e Semiótica (unb.br)

 

Datas Importantes:

- Data de Submissão: 01/09/2023

- Data Limite de Submissão: 30/09/2023

- Previsão de Publicação: 31/12/2023

Revista de Estética e Semiótica se orgulha de oferecer acesso livre ao conhecimento científico, acreditando que essa prática contribui para a democratização global do saber. Agradecemos antecipadamente por seu interesse e contribuição para a RES.

 

Atenciosamente,

Prof. Dr. Flávio René Kothe

Editor-chefe, Revista de Estética e Semiótica

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APRESENTAÇÃO 

Volume 13, Número 2, Ano 2023

 

A formação brasileira tem sido marcada por séculos de lavagens cerebrais inconscientes. Começou com a Igreja Católica, que assessorava a dominação da Corte e recebia ricas prebendas por isso. As cidades eram construídas em torno de uma igreja matriz, para que todos girassem em torno dela. Isso foi estendido para dentro das escolas, em que se doutrinavam crianças que não tinham tirocínio crítico para pensar por si. Abuso de incapazes nunca foi um nome dado a isso. No entanto, a “inteligência esclarecida” ficou espantada com os delírios golpistas evangélicos, os acampamentos em frente aos quartéis, o chamamento de ETs com celulares para o alto. O ridículo se concentra num ponto para não haver espanto com o delírio permanente da história.

 

Há um século a população brasileira vem sofrendo de PSYOPS, lavagens cerebrais pela mídia segundo os interesses do governo americano, mas esse conceito não é repassado nos cursos das universidades nem na grande mídia. Não há politização no sentido da conscientização dos vetores geopolíticos que atuam sobre nós. Se começou com simples filmes de faroeste, em que se aprendia a torcer pelo mocinho contra índios e mexicanos, expandiu-se pelos “enlatados”, domina as narrativas na mídia e os noticiários que são apresentados. As pessoas reproduzem o que lhes foi doutrinado e acham que estão pensando por si. São marionetes.

 

Qual é a consciência crítica brasileira diante do que se diz em filosofia da arte nos últimos anos? Promove-se Danto como grande novidade, sugere-se que, quanto mais o artefato for lixo reciclado, tanto mais contemporânea e artística será a obra (invertendo a hipótese de Hípias de que belo é o ouro, refutada por Sócrates dizendo que Fídias havia preferido o mármore, a prata e o marfim para representar os deuses) ou que colocar algo como um pissoir numa galeria é um choque estético, temos de concluir que não temos nada novo, mas de novo se cometem enganos antigos. Há carência de informações. O principal é, porém, que não se está vendo o que é mais relevante, algo que vem sendo determinado por uma guerra híbrida entre um mundo unipolar e outro que pretende ser multipolar.

 

Com isso não estamos querendo sugerir que no Brasil se esteja pensando melhor. Pelo contrário, a medianidade do pensamento é assustadora. Os grandes problemas não são postos nem aprofundados. O que prepondera na universidade é certa miopia técnica, que se crê acertada ao só catar detalhes de sua área, sem ver a necessidade de correlação com outras áreas e sem notar que o reexame da dimensão teórica dos problemas práticos muda o modo de os encarar e resolver.

 

A técnica quer resolver um problema, mas não quer pensar adiante. Evita buscar os caminhos que a pesquisa interdisciplinar já vem propondo há tempos. É difícil ser competente em mais de uma área, mas não se é competente em nenhuma se não se for competente em mais de uma. É mais fácil fazer o mesmo de sempre.

Niemeyer dizia que não conhece arquitetura quem conhece apenas arquitetura. O minimalismo, por exemplo, pode poupar custos e aumentar lucros. A geração de arquitetos que exercia uma reflexão humanística mais ampla parece ter perdido seus maiores representantes e não foi substituída por uma geração mais apta a continuar o trabalho. Pelo contrário, tem-se cada vez mais o banimento da reflexão filosófica, sociológica, econômica e, principalmente, política.

 

Desenvolveu-se algo que se tem chamado de “arquitetura verde” e “sustentabilidade”, mas isso tem mais a ver com uma diminuição de custos com água e energia elétrica do que com a discussão das premissas. É mais para fazer o mesmo de sempre. Em vez de se empenhar em romper com os paradigmas estabelecidos, essa abordagem parece contentar-se com modificar superficialmente o status quo. Assim, apesar da intenção de promover avanços, a arquitetura contemporânea frequentemente se encontra aprisionada em uma contradição: almeja inovação, mas muitas vezes produz apenas variações do usual.

 

A aspiração por uma abordagem minimalista extrema emerge como outro exemplo flagrante dessa contradição. Sob a justificativa de buscar a essência do simples, essa tendência frequentemente oculta uma motivação subjacente mais voltada para a economia e a maximização dos lucros. O que aparentemente seria uma busca pela pureza arquitetônica muitas vezes mascara a necessidade de redução de custos e aprimoramento do retorno financeiro.

Por outro lado, observa-se uma paradoxal tirania da uniformidade e massificação no cenário global das construções. Edifícios lisos, espelhados e concretados, desprovidos de individualidade, parecem surgir em profusão, espalhando-se de um polo ao outro do globo. Nesse emaranhado de estruturas, a diversidade de estilos e expressões arquitetônicas dá lugar a uma paisagem repetitiva e homogênea. A busca por eficiência e padronização resulta na perda da identidade própria de cada local e cultura.

 

Assim, a arquitetura contemporânea se encontra em uma encruzilhada intrigante. Enquanto os intentos de inovação, simplicidade e sustentabilidade são proclamados, as forças subjacentes de economia, lucro e uniformidade limitam o alcance dessas aspirações. A riqueza potencial da arquitetura como expressão cultural e artística enfrenta desafios no mundo atual, convidando a uma reflexão sobre os valores subjacentes que moldam o ambiente construído.

A arquitetura se destina a promover conforto. Todos querem uma casa boa numa vizinhança agradável. Uma pergunta primária seria, porém, saber se o ser humano realmente merece isso, se ele é “humano”. Qual é a relação entre construir e destruir? Até que ponto o conforto humano é feito às custas do desconforto da natureza? A premissa simples se torna simplória. A resposta não é apenas apontar para mansões construídas por traficantes em favelas ou condomínios horizontais.

 

Delimitar a validade da premissa exige examinar a relação intrincada entre conforto e mérito humano em um contexto mais amplo. Não se trata apenas de constatar extremos, mas de explorar nuances e complexidades que envolvem o que caracteriza o “humano”. O homem não sabe o que ele é, mas tem certeza de ser melhor do que de fato é. A aparente simplicidade da premissa arquitetônica exige contemplação mais ampla. Não há resposta plena, mas a pergunta transcende exemplos extremados e adentra um terreno que abarca variáveis éticas, sociais e filosóficas.

Vitrúvio não tinha dúvidas em dedicar sua obra ao divino César e se concentrar em promover segundo modelos gregos a construção de templos, prédios governamentais e palácios que mostrassem a grandeza do império romano. Sua “ideia” era ostentar em prédios a grandeza. Isso está no British Museum, na Museum Insel, em Washington. O imperialismo romano tentou ser uma continuação do helênico e foi sucedido pelo grande império da Igreja Católica, que se expandiu por toda a América Latina e nos atinge diretamente.

 

Não é por acaso que Washington foi construída no modelo neoclássico da antiguidade. Os ianques queriam fazer um grande império, segundo os modelos antigos. Os Estados Unidos não são apenas um país, uma república que se diz democrática: são um império, que nos domina e nos controla. Estão em guerra permanente. Os dois partidos que o governam são a favor da guerra. São um país que se formou com o genocídio sistemático dos povos indígenas, a anexação de territórios franceses, a tomada de grande parte do México e só não tomou o que hoje é o Canadá porque a Inglaterra não deixou. Tem quase mil bases militares fora do país: os países tomados deixam de ser soberanos.

Os militares brasileiros têm uma tradição de golpes, a começar com a proclamação da república (que exige ser escrita em maiúsculas, o corretor voltou a avisar, para que se respeite a divindade do gesto, sendo suspeito de monarquista quem não o cumpra), mas no século XX passaram a seguir comandos americanos, assim como Dom Pedro I pouco após a independência fez a indecência de largar o governo no Brasil para obedecer ao que os ingleses queriam que ele fizesse em Portugal. Manter a monarquia teria sido dar força aos latifundiários mais reacionários, mas a república não cuidar dos libertos dizia bem do compromisso militar com o latifúndio. São pequenos exemplos de reflexões que não são feitas em aula.

 

A escola brasileira não desenvolve uma consciência crítica nos jovens. Não houve e não há politização. O problema não é apenas não substituir o livro didático por mídia eletrônica, a ponto de suprimir a leitura de textos densos e longos. O problema é que nem se sabe ler e decifrar a mídia porque a própria mídia corporativa não sabe ler, ou pior, não quer que se leia.

Se a guerra da Ucrânia parece conveniente aos americanos, pois ataca a Rússia sem matar soldados ianques, sem se desgastar com milhares de mortos sendo entregues às famílias nos Estados Unidos, como ocorreu nas tantas guerras em que o imperialismo tem se metido, ela é, no entanto, um sintoma para possíveis mudanças no mundo. O que está em jogo é o rompimento gradual da ordem unipolar, abrindo espaços para a emergência de novas abordagens nas esferas do pensamento, das relações internacionais, do comércio e da convivência entre nações. Mesmo que a análise da situação na mídia corporativa não vá além da visão superficial, os fatos continuam a carregar as contradições. Isso reforça a necessidade de examinar cuidadosamente não apenas os resultados imediatos, mas também os efeitos mais amplos no tabuleiro das relações internacionais e das nossas reações mentais.

 

Estamos em plena guerra, militar e digital, fazendo de conta que a militar ainda não nos atingiu, embora esteja explodindo em vários lugares. O BRICS-11 pode ser uma virada na história, mas não é certo que estejamos à altura dessa mudança. A nossa vocação é negacionista. Negamos a morte como negamos que a guerra digital esteja conosco. Estamos mortos no espírito e não sabemos: somos imortais porque já morremos, não podemos morrer mais. Cadáveres adiados que procriam cada vez menos ideias. A agressiva política identitária, se for parte das Psyops em curso, serve para esconder o problema da desigualdade social, da contraposição entre ricos e pobres inerente ao capitalismo. Não pensar e ficar grudado na televisão não irá resolver as coisas: são formas de fuga, como são as religiões.

 

Essas ânsias imperiais que marcam a história e são etapas de seu percurso mostram a predominância de um ser dito humano mas que é dominado pela vontade de poder: ele trata de se impor a quem puder, a tudo que puder. A técnica é a aplicação prática dessa ânsia de dominar. Ela quer resolver coisas práticas, sem discutir seus fundamentos. Ela não pensa adiante. Acha que o que importa é o que está no horizonte do que ela olha. Não só, porém, horizontes se deslocam com o andar, dando novas perspectivas a quem quer olhar: as coisas se tornam diferentes, não são mais as mesmas.

 

Quando de uma coisa firmamos um objeto de conhecimento, fazemos de conta que a coisa é esse nosso objeto; da perspectiva da coisa, o nosso objeto a deixou intangida e intocada. Recobrimos com linguagens várias as nossas percepções, tendo a ânsia de que, quanto mais signos usamos, mais chegamos às coisas, enquanto de fato mais delas nos afastamos. De certo modo, a coisa é o inconsciente do nosso objeto de conhecimento, que se torna então um objeto de encobrimento.

 

Quando se fala em hermenêutica, supõe-se que ela seja um modo de explicar e explicitar o que estaria contido num texto: o “conteúdo subjacente”. O que aí se faz é, no entanto, a tradução do seu desconhecimento ao nosso modo de entendimento. Não se vê o que foi “contido”: impedido de ser acessado, manipulado para que não se visse. Não entendemos o “original”, pois ele se torna a projeção de nossa reconstrução, a tradução de nós no outro como se fosse o outro. Traduzimos como original a tradução e versão que dele fizemos para nós.

 

A “análise” deveria partir de um não-texto, de algo que não é o texto que nos é apresentado para ser explicado e explicitado em outra linguagem. A análise precisa se negar como mera aplicação de esquemas a priori para poder chegar a si mesma. O texto proposto só se entende a partir do texto não posto. A compreensão do texto dado emerge somente em relação ao texto que só foi “presenteado” como ausência, escamoteado. O ausente, aquilo que não foi dito, pode delinear, porém, com mais clareza o perfil do que nos é proposto e imposto. A compreensão do ser se sugere e surge a partir da concepção do não-ser. Só se pode pensar o ser a partir do não-ser, mas também o não-ser só a partir do ser.

 

Por que existe o ente e não o nada? A questão de Leibniz tinha uma teologia evidente: porque Deus assim o quis. E se não há deus nem vontade? Será que as coisas são como o homem pretende determinar que elas sejam? É essa vontade de poder que de fato move toda a tradição filosófica, científica e técnica ocidental?

Não basta Heidegger dizer que a dominação americana sobre o mundo é uma continuação da ânsia europeia de dominar e colonizar o mundo. Há uma diferença aí. No que ele diz, é como se a Europa continuasse a dominar o mundo numa Europa dominada. Falta ver que a Europa – com suas antes poderosas metrópoles coloniais – se tornou colônia de uma antiga colônia britânica. Os pensadores europeus não sabem pensar isso, não ousam pensar que seus Estados não são soberanos. Os que tentaram foram eliminados ou postos de escanteio. Eles têm medo de pensar o que dói no seu orgulho de antigas metrópoles, ora invadidas por carentes das antigas colônias e lutando para manter formas de neocolonialismo.

 

Aos poucos surgem preocupações com a preservação do meio ambiente e com a necessidade de pensar o social em termos de ecossociologia. Elas não chegam, porém, a ver o “humano” da perspectiva das vítimas. Endossar a dominação da natureza é aceitar a dominação social. A arte tem dado sustentação e apoio a ambas. É preciso desconfiar de sua aura e seu tabu.

A história da civilização tende a ser uma história de destruições, que se vê só como construção positiva. Há um endosso dos senhorios do passado para acatar a dominação ora vigente: submeter-se. Essa visão retrospectiva limita o pensamento prospectivo, tornando difícil a formulação de soluções avançadas.

Quando a projeção para o futuro é negligenciada, ocorre uma interrupção no processo de reflexão. Constitui um empecilho para que se pense adiante. Quando não se pensa adiante, não se pensa: fica-se a repetir, parado. Pensar é errância: busca de acertos em meio a erros. Acerto não é apenas o resultado prático de conseguir o que se pretende.

 

Essa tendência ao eco também encontra eco não só na formação dos arquitetos modernos, onde o enfoque excessivo no tecnicismo não antevê que a evolução tecnológica conduzirá cada vez mais ao trabalho realizado por máquinas, programas de computador e plataformas ainda desconhecidas. O aluno é preparado para tarefas que, em breve, serão redundantes, enquanto a preparação para as futuras demandas é negligenciada. Essa falta de antecipação é um mecanismo de conforto, pois pensar adiante traz consigo desconforto e desafio. Em vez da autonomia do pensamento, há preferência pela submissão.

Se o tecnicismo na formação acadêmica em geral não vê que o trabalho será cada vez mais feito por máquinas, por programas de computação, por plataformas que ainda sequer conhecemos, se o aluno está sendo preparado para fazer o que não vai precisar e não está sendo preparado para o que será preciso fazer, o estabelecido é um negacionismo. Está superado e não sabe que está. É cômodo não pensar adiante. Pensar dói, faz mal, gera mal-estar. Quer-se olhos baixados e joelhos genuflexos, não autonomia do pensar.

 

A universidade brasileira está apenas formando mão de obra especializada, mas não está pensando. Apenas pensa que pensa. Ela é alienada, sem politização. Quer o máximo de produto no mínimo de tempo e gasto possível.

Refletir em uma antiga colônia é apenas aparar e reproduzir a luz da metrópole. Não é espaço de pesquisa para pensamento mais avançado. A piada é que os intelectuais brasileiros tomam como metrópoles de referência países que já se tornaram colônias de uma antiga colônia, com o território ocupado por tropas estrangeiras já não são mais Estados soberanos, mas os intelectuais europeus não ousam pensar isso que os determina e define.

Quem pensa pode pensar errado. Tem de pensar errado. Não pensa quem pensa nos parâmetros do estabelecido. Ele apenas faz variações em torno do já sabido e dito. Quem pensa “direito” supõe que pensa errado quem pensa diferente.

 

“Entender” o dito alheio é fazer a sua tradução para os conceitos de quem supõe estar entendendo. Ele supõe estar, porque reduziu a alteridade à sua egoidade, num ego que é incapaz de saber seus limites porque pressupõe estar apenas dizendo as delimitações e os limites do “objeto” de sua identificação. Ele recobre a “coisa” com seu objeto identitário. É uma ficção alienada.

 

A “pesquisa” proposta por editais tem itens de avaliação problemáticos, que regem tudo há mais de vinte anos. Por exemplo, um artigo vale dez pontos, um capítulo vale dez: e um livro inteiro vale dez! Ora, quem escreveu isso? Quem não consegue escrever um livro e, se escrever, não vai fazer diferença. Outro item diz que só valem as publicações feitas nos últimos dois anos, no máximo cinco: a quem serve isso? É uma discriminação contra quem tem uma vida de produções. Coloca-se como critério que o autor seja de um gênero determinado, de uma etnia, de uma predileção sexual. Isso não tem nada a ver com a qualidade do texto, que deveria ser o único critério. Sob a aparência de ser “criterioso”, é-se discriminador e preconceituoso.

 

O problema é ainda pior. Quem realmente pensa não pode ser avaliado pelos “´pares”, pois ele não tem pares, ele é ímpar, diferenciado, desigual. Os pareceristas vão dizer que é inviável todo projeto que não for viável para as suas limitadas “inteligências”. Quanto mais limitados são, mais poder lhes é atribuído. 

 

Só para dar outro exemplo: nos cursos de Letras faz-se a doutrinação do cânone brasileiro e da gramática normativa da língua portuguesa como se fossem absolutos. Faz-se assim a interiorização do colonialismo lusitano e a propaganda da oligarquia de origem latifundiária e escravista. Sem saber que se faz ou se, sabendo, tanto faz quanto fez, exerce-se a prepotência como se fosse sabedoria.

 

O problema corrente mais sério de leitura talvez não seja sequer o analfabetismo funcional por via eletrônica nem o analfabetismo fático e a falta de leitura da maior parte da população. O texto mais importante na sociedade ocidental ainda é a Bíblia, mas não há um curso de Letras que discuta para valer essa questão, enquanto padres, pastores e doutrinadores ficam ocupando canais e mais canais de televisão, templos e púlpitos, microfones e públicos cantantes para ditar o caminho da salvação. Não há enfrentamento, não há liberdade de expressão. Uma antena emissora é como um púlpito: ditado de cima para baixo, sem perguntas.

 

Pensar exige que se vejam as coisas de fora daquilo que se supõe que elas sejam. Quando se converte uma coisa em objeto do conhecimento, passa-se a crer que a coisa seja este objeto mental, mas ele serve para encobrir o que a coisa é, e a deixa inatingida embora tenha a pretensão de ter resolvido tudo. Que o ser humano seja dominado pela ânsia de dominação que o caracteriza tem por sequela a devastação que ele deixa como rastro de sua presença.

A história da civilização é a história do avanço da barbárie. Só quando passarmos a ver as coisas pelo avesso do que nos tem sido ensinado é que, talvez, possamos começar a pensar. O que se tem feito, por enquanto, é evitar o vazio daquilo que dizemos ser o ser das coisas, fazendo de conta que o que dizemos é o bastante, é tudo o que há para dizer. Só caindo nesse vazio poderemos captar algo do não-ser daquilo que se tem dito que é, só assim talvez aprendamos a voar e pensar. O nosso medo de nos esborracharmos no precipício é, porém, tamanho, que ficamos paralisados, como se congelados no ar estejamos nos preservando.

 

Quando Heidegger, o maior filósofo do século XX, propunha que a coisa se torna coisa pelo mundo em que o homem a insere, voltava a fazer tudo girar em torno do sujeito do conhecimento. Ora, a maioria das coisas que há pelos espaços siderais não são do conhecimento humano, não fazem parte do seu mundinho. Somos uma espécie precária e provisória de animal, que há de desaparecer como milhões de outras já desapareceram. Podemos até rezar para que os ETs nos visitem e possamos nos sentir menos sozinho e angustiados, mas serão apenas rezas nossas. Há muita coisa inexplicada. Nossas explicações antes as encobrem do que revelam.

Jan Mukařovsky tentou uma explicação da arte como um processo de comunicação. O autor seria o emissor, autor de um artefato que, ao ser apreendido pelo receptor, se tornaria um objeto estético. O autor é, porém, o primeiro receptor de seu artefato e, ao constituir um objeto estético, formaria a obra, assim como o receptor, ao reconstruir o artefato mediante as decifrações propostas no seu objeto estético, formaria também a obra. A obra do autor nunca seria idêntica à do receptor. Entender é desentender.

 

Daí se propôs que a do autor seria superior à do receptor, mas isso é problemático, pois muitas vezes o autor não sabe o que realmente é sua obra. Cervantes achava que sua Galateia era mais importante que o Don Quijote, obra que começou como um conto e só se tornou novela por instância de pessoas próximas, só tendo a segunda parte sido escrita para se contrapor a imitações e continuações que já estavam aparecendo. Deixou morrer seu personagem no fim.

 

O que o autor deixa para os outros é a ruína da obra, enquanto os pósteros tendem a deixar a obra em ruínas. Os receptores precisam recriar a obra, para que ela continue viva. Mukařovsky não desenvolveu a diferença entre a coisa que da obra restou, enquanto materialização de uma concepção do autor, e aquilo que a obra se torna com a ressurreição feita pelos receptores. A arte não é um processo de comunicação, ainda que algo disso nela ocorra. Tornar comum o que era de um não é o que a grande obra de arte faz. Ela como que se resguarda em si, ela esconde da vista alheia o mais recôndito que a move. Ela se descomunica.

É preciso, portanto, desconfiar do que semioticistas e filósofos dizem sobre a arte. Quando psicanalistas falam sobre romances, discorrem mais sobre suas teorias profissionais do que se abre ao diferente da obra. Grosso engano dos filósofos é acharem que o belo seja o condutor da ideia, como se as obras de arte fossem ubres cheios em que eles podem ir mamar ideias. O sociólogo que examina arte pode estabelecer correlações curiosas, mas em geral não consegue ver no autor mais que alguém que expressa a opinião de um grupo social.

 

A arte não se resolve pelas ciências do entendimento, pois o belo e o sublime estão além do que pode ser apreendido por conceitos. É preciso a vivência da obra, captar suas pulsões e tensões internas, para sentir sua abrangência. Só começamos a entender uma obra quando captamos algo daquilo que dela não conseguimos entender. Se ela não conseguiu expressar isso, não se realiza como arte. A hermenêutica deve nos levar mais a interrogações do que a respostas.

Brasília, agosto de 2023

Flávio R. Kothe e Júlio César Brasil

24 de Fevereiro de 2023

 

Visa apoiar a formação de recursos humanos de alto nível por meio da concessão de bolsas de doutorado sanduíche no exterior aos cursos de Doutorado reconhecidos pela CAPES.

 

EDITAIS, COMUNICADOS E INFORMAÇÕES
pdf 16/01/2023  Edital CAPES n.º 44/2022 - Programa Institucional de Doutorado Sanduiche no exterior 
pdf 06/02/2023 Circular n. 01/2022 - Seleção interna referente ao Edital nº 44/2022 PDSE/CAPES.
pdf 23/02/2023 Ato da Coordenação do PPG-FAU 03/2023 - Nomeia comissão para selecionar aluno para bolsa PDSE
pdf 24/02/2023 Parecer da Comissão.
pdf 17/03/2022 Resultado final.

 

 

 

Visa apoiar a formação de recursos humanos de alto nível por meio da concessão de bolsas de doutorado sanduíche no exterior aos cursos de Doutorado reconhecidos pela CAPES.

 

EDITAIS, COMUNICADOS E INFORMAÇÕES
pdf 09/11/2023  Edital CAPES n.º 30/2023 - Programa Institucional de Doutorado Sanduiche no exterior.
pdf 09/11/2023 Anexo II - Declaração de reconhecimento da fluência linguística - Instituição no exterior.
pdf 09/11/2023 Anexo III - Declaração de reconhecimento da fluência linguística - Instituição no país.
pdf 09/11/2023 Anexo IV - Requisitos de proficiência em língua estrangeira.
pdf 10/11/2023 Circular nº 004/2023/ PPG/FAU - Divulga o Edital CAPES n.º 30/2023 e procedimentos internos para seleção.
pdf 10/11/2023 Formulário eletrônico para inscrição
pdf 21/11/2023 Parecer da Comissão de Seleção.

 

 

 

Visa apoiar a formação de recursos humanos de alto nível por meio da concessão de bolsas de doutorado sanduíche no exterior aos cursos de Doutorado reconhecidos pela CAPES.

 

EDITAIS, COMUNICADOS E INFORMAÇÕES
pdf 16/02/2022  Edital n.º 10/2022 - Programa Institucional de Doutorado Sanduiche no exterior 
pdf 23/02/2022 Ato da Coordenação do PPG-FAU 04/2022 - Nomeia comissão para selecionar aluno para bolsa PDSE.
pdf 24/02/2022 Circular n. 01/2022 - Seleção interna referente ao Edital nº 10/2022 PDSE/CAPES.
pdf 08/03/2022 Parecer da Comissão.
pdf 17/03/2022 Resultado final.

 

 

14 de Julho de 2022

07 de Julho de 2022

 

Lista de espera para concessão de bolsa de estudos para os alunos do curso de Mestrado e Doutorado em Arquitetura e Urbanismo.

 

DOUTORADO:

 

Ord.

Nome

Luana Figueiredo De Carvalho Oliveira

Lucidio Gomes Avelino Filho

Mariana Daltro Leite Medeiros

Ana Flavia Rego Mota

Sara Prado Novais Moura

Arthur Gomes Barbosa

Lilian Maciel Furtado Silva

Caroline Silva De Albergaria

Camila Matos De Oliveira

10 

Luis Guilherme Albuquerque De Andrade

11 

Lina Martins De Carvalho Cavalcante

12 

Mariana Freitas Priester

 

Pedido indeferido: Diana Karen Pari Quispe - Não atende os critérios definidos na Resolução 01/2022.

 

MESTRADO:

 

Ord.

Nome

Marcella Clarimundo Ferreira Silva

Amanda Moura Pinheiro

 

Pedido indeferido: Erik Filipe Alves Dutra - Não atende os critérios definidos na Resolução 01/2022.

Atualizada em 25/07/2023.

Assunto: Avaliação Quadrienal CAPES 2017-2020

Prezada Comunidade da FAU,

O nosso Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPG-FAU-UnB) recebeu hoje a feliz notícia de que nossa nota na avaliação quadrienal da CAPES passou de 4 para 5. Este é um marco histórico para o PPG-FAU-UnB.

Lembramos que os resultados da avaliação periódica de pós-graduação são expressos em notas, numa escala de 1 a 7, atribuídas a cada um dos programas após minuciosa análise de indicadores de desempenho realizada por membros qualificados da comunidade acadêmico-científica.

Consideramos que a atual avaliação da CAPES é um importante reconhecimento dos esforços que vêm sendo realizados no PPG-FAU há algum tempo. Um intenso trabalho coletivo, no qual se engajaram professores, pesquisadores, alunos e técnicos, tem levado à contínua ampliação de nossa produção científica, ao aprimoramento de nossas pesquisas, às articulações nacionais e internacionais e ao desenvolvimento de criteriosos padrões de ensino, pesquisa e extensão na pós-graduação.

O PPG-FAU agradece a todos e todas que se dedicam rotineiramente ao trabalho, ao estudo e à pesquisa em nosso Programa e conta com a ativa participação de cada um de vocês no novo período que se inicia.

 

Saudações científicas,

 

Prof. Caio Silva
Coordenador do PPG FAU UnB



Profa Maria Fernanda Derntl
Coordenadora Adjunta do PPG FAU UnB